Boa parte das minhas amigas anda comprometida. Se não sério, quase. As poucas "soldadas" do bando continuam lutando, claro. Mas com um propósito definido: trocar logo de função nessa vida de quem busca, para quem tem alguém. São solteiras sim, e não raro, sozinhas também. Reclamam. Apresentações de amigos, um primo distante, algum colega interessante. E nada. São defeitos, atitudes desprezíveis, desencaixe entre duas partes. Concordo porém com a máxima que ditam e continua em alta: estar sozinha consigo é muito melhor que acompanhada de quem pra nós, tenha nome e sobrenome mas não represente de fato aquele "alguém".
Enquanto a vida amorosa anda agitada ou mesmo em movimento, se vazia na opção "pessoa que nos faça bem e complete", não tem trégua: achamos que somos infelizes, que se um raio atingisse a cabeça talvez alguma atitude fosse tomada (por cuidado ou mesmo precaução; pena), que se estivéssemos passando fome, necessidade financeira ou por qualquer outra pedra no caminho, melhor seria. O amor vence tudo, já nos diziam os emotivos filmes Disney da infância. Onde todos eram felizes num final que durava para sempre, aguardamos que chegue a nossa hora de ter o sapatinho encaixado com precisão no pé direito - por um cavalheiro-charmoso-mente aberta príncipe, que não aparece nunca porque simplesmente somos gente e contos de fadas é melhor que fiquem na parte bonita da nossa versátil imaginação. Bem na verdade, chega sempre e pode ser uma, duas, trezentas vezes (depende da auto-estima de cada um) em que romanceamos em cima de qualquer cara que apareça, só para não nos sentirmos assim tão solitárias.
Vemos confiança onde há enganação, admitimos comportamentos que antes julgávamos ser intragáveis, nos colocamos na posição de vítimas princesas na esperança de sermos salvas por algum gesto sentimental no último minuto vindo de quem nunca nem ao menos preocupação se prestou a ter. Usamos a desculpa de que, "melhor com, pior sem" para nos deixarmos continuar aceitando frases, poses, posses ou ações que estão longe da paz - que dirá do tal "amor"? A gente, além de se enganar super bem, acaba virando mestra na arte de autotraição. Somos peritas em fingir que não é conosco, que as pessoas mudam e tudo pode melhorar, que basta paciência e tudo toma um rumo melhor. Bullshit!
Se algo não está bacana, e a intuição já liberou o potente alerta feminino, se solte. Largue. Dê um tempo para que a redescoberta deliciosa de se encontrar como melhor companhia possível escale novamente o topo da sua lista pessoal de pequenas felicidades. Saboreie um encontro entre as amigas, dance loucamente aquelas músicas cafonas que só você gosta, e vá a quantas festas desejar, mesmo quando só - às vezes, é desacompanhando que a gente adquire parceria. Valorize em si aquilo tudo que há de bom, com uma bela roupa nova, um dia completo no salão, qualquer coisa que faça o ego ir lá em cima, como um bom café lendo um livro leve numa tarde chuvosa ou cinema com aquele filme que só você quis ver, então sozinha. Curta enquanto é possível os finais de semana em família, a vida sem explicações, uma liberdade que chega a dar saudade de vez em quando, já tendo encontrado o certo alguém que mudou o nosso caminho e pra quem a gente inteligentemente (ou não) escolheu se entregar. Porque alone ninguém fica forever, bebê.
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