Foi uma noite qualquer
quando decidimos voar juntos e ganhar o mundo. Não nos casavamos um do outro e
era tão simples e comum que chegava a ser extraordinário. Prendíamos a
felicidade nos braços e sentíamos cada fibra do corpo vibrar. Éramos inquietos
dentro de nós, loucos por vida, gargalhavamos juntos e nos amavamos na mais
insana paixão.
Completamente perfeitos
em nossa imperfeição. Sabatinávamos o que não se sabatina, e corríamos contra o
vento, sempre contra tudo que era normal, banal. Nos dias de sol deixavamos que
cada raio penetrasse em nossos poros atingindo a alma com seu calor, mantendo-a
aquecida e nos dias frios debaixo do coberto, roçavamos nossos pés uns nos
outros aquecendo assim a paixão. Era como se estivessemos predestinados a vivermos juntos, duas almas perdidas que se acalentavam, sorriamos um para o outro com cumplicidade e esperavamos que fosse para sempre, pois cada momento longe doía, faltava. Faltava a cor, o sabor. Era bom amar. Era bom se arriscar e saber que alguém estava no barco, remando na correnteza, deposto a ir até o final. Eu seria única e ele único.
E um dia no meio de tanta euforia, inquietos que éramos, decidimos de repente numa dor latente, caminhos distintos seguir, sem magoas, sem grandes motivos, apenas pela velha mania de voar pra longe. Vi “suverter” o homem da vida, aquele que depois de ter tido, nunca mais nenhum com o mesmo desejo. A dor era de saber que a liberdade tão boa que aprisionava já não estava ali, era hora irremediável de partir.
E uma saudade delicada e às vezes agridoce, bate por aqui, mas não aflige o coração, apenas lembra que algumas histórias terminam no momento certo, para que o amor sobreviva, e um dia arrependido volte, com a vontade de que o recomeço retorne. Quem sabe nunca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário